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PESQUISA DE HPV (PAPILOMA VÍRUS)

Flora Vaginal

Muito se comenta sobre a microbiota intestinal, mas o certo é que a vagina também tem uma microbiota própria e interdependente com a do intestino. Por isso, é frequente observarmos problemas de ordem ginecológica, como consequência de distúrbios intestinais (muitas vezes, após o uso de antibióticos, ou dietas inadequadas, ou distúrbios do ritmo intestinal).

Em 2016, contava-se 7000 publicações científicas sobre a microbiota intestinal, sendo que 150 delas já falavam sobre a microbiota vaginal. Por sua vez, a microbiota vaginal é composta por bactérias que nos protegem contra infeções externas, os famosos ‘bacilos de Doderlein’, que atuam no equilíbrio do meio ambiente vaginal.

Quando essa flora se encontra em desequilíbrio, alguns micróbios locais se proliferam, causando sintomas, sendo os mais comuns: as micoses, vaginoses, ou ainda as cistites de repetição ou de ocorrência após relações sexuais.

Quanto aos micróbios externos, os mais frequentes são os causadores de infeções de transmissão sexual ou IST que podem causar sintomas urinários, secreções vaginais, ou mesmo dores menstruais ou inflamações nas trompas, e eventualmente, infertilidade…

 

Por tudo isso, é importante conhecermos um pouco mais sobre a nossa microbiota genital e como melhor cuidar dela. Algumas dúvidas sobre como manter o equilíbrio da flora vaginal são frequentes em consultório, como por exemplo:

1) A depilação integral (ou definitiva) é recomendada ou não?

Absolutamente não!

Logicamente, se os pêlos e os folículos são completamente retirados, o meio vaginal fica mais exposto ou sem proteção contra os micróbios, modificando o pH, e principalmente expondo a pele da vulva a micróbios externos como herpes, HPV, sífilis e outros, que penetram facilmente a vulva e em seguida, a vagina. A vagina tem necessidade de regenerar a flora de lactobacilos, e fá-lo através do reservatório natural, que se encontra no reto/ânus.
Na depilação total, os lactobacilos que se serviam dos pêlos para transitarem entre o ânus e a vagina e re-popular a flora, reequilibrando o meio intravaginal, não podem servir-se desse ‘filme’ biológico, impedindo a regeneração fisiológica da microbiota local.

2) A vida sexual pode influenciar a microbiota vaginal?

Com certeza!

Existe uma troca de bactérias e de secreções entre parceiros durante o ato sexual, sendo que a vagina deve adaptar-se à microbiota própria do novo parceiro, presente no pénis, boca, ânus. Isso acontece, em geral, de forma harmoniosa, porém há algumas ‘químicas’ entre microbiotas de casais menos equilibradas, gerando irritações, corrimentos, odores diferentes.
No meio dessa loteria, é claro que, com uma maior variedade de parceiros, as exigências vaginais são maiores e o risco de desequilíbrios da microbiota tornam-se mais frequentes.

3) Quais são os maiores inimigos da vagina ?

O pior deles é sem dúvida o tabagismo, não somente para a vagina, mas também para o colo uterino, visto que ele é eliminado pelas secreções locais, e considerado como fator de risco para o cancro de colo uterino (junto com o HPV). Os componentes tóxicos do cigarro causam dano às células locais, que por sua vez, se tornam menos capazes de se defender contra infeções. Por outro lado, o cigarro causa indiretamente uma redução da taxa de estrogénios, que por sua vez, mantém os bacilos de Doderlein em equilíbrio.

E um dos piores inimigos da vida moderna, é sem dúvida, o uso de antibióticos, que podem destruir completamente a flora vaginal em poucos dias. Assim como, ao mínimo sinal de corrimento, algumas mulheres se ‘automedicam’ com antimicóticos de venda sem receita, só faz piorar a situação… Produtos de higiene íntima vendidos nos mercados e farmácias, também alteram completamente o equilíbrio da flora, devido a presença de perfumes agressivos e inadequados à nossa fisiologia.

4) E os probióticos vaginais têm seu lugar na recuperação do equilíbrio da flora vaginal?

A cada dia me convenço mais sobre isso!

O uso desses suplementos não vai substituir a flora vaginal normal, mas ajudam à sua recuperação na luta contra os germes em desequilíbrio. Os melhores probióticos são aqueles que contém lactobacilos em sua composição, por prevenirem a secura vaginal (menopausa, ou estresse) e ainda muito efetivos no caso de infertilidade, ou infeções de repetição, por aumentar as defesas locais e otimizar a eliminação das bactérias e vírus indesejáveis.

O ideal é dar preferência a uma formulação de uso local, associada à de via oral. Porém, o vosso ginecologista é a pessoa mais indicada para lhe orientar quanto à melhor escolha de probiótico, de acordo com a vossa situação clínica.

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